Secretaria Nayara Maksoud destaca avanços na Saúde do estado em momento de transformação

Metas estabelecidas impulsionam a Saúde a trabalhar a redução do tempo de espera por consultas e exames no Sisreg, entre outros serviços

A saúde do Amazonas vive uma transformação. O governador Wilson Lima tem anunciado investimentos e a implantação de novos sistemas e modelos de gestão que vão impulsionar o setor. À frente da missão está a enfermeira Nayara Maksoud, que atua na área há mais de 20 anos, parte deles, na gestão e no planejamento e, há menos de um ano, como titular da Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM). 

Como profissional de carreira, de “chão de fábrica”, tem demonstrado determinação e coragem para realizar as mudanças necessárias, quebrando paradigmas e enfrentando os desafios de frente.

As metas estabelecidas no plano de transformação do governador Wilson Lima, impulsionam a saúde a trabalhar a redução do tempo de espera por consultas e exames no Sistema de Regulação (Sisreg), reorganizar a rede de urgência e emergência, a partir de um novo modelo de gestão em unidades estratégicas e tornar o interior cada vez menos dependente da capital. 

A equipe,  liderada pela secretária, tem a missão de colocar em prática com qualidade, a garantia da ampliação do acesso a serviços na capital e no interior. Confira a entrevista:

Como a senhora enxerga esse momento da gestão da Saúde do Amazonas?

É o momento de transformação. Sob a liderança do governador Wilson Lima, estamos implantando as inovações planejadas com muito cuidado e responsabilidade, para melhorar a nossa pronta resposta ao cidadão que precisa de atendimento ágil e eficiente na ponta. Para isso, precisamos fazer mudanças que, podem até gerar um certo desconforto para alguns, e isso é inevitável, mas que sem elas não poderemos dar os passos necessários para a sociedade, de uma forma geral, ter a resposta que precisa. Mas estamos firmes e confiantes, porque temos o governador e a sociedade ao nosso lado.

Quais são essas mudanças e os efeitos esperados?
A mais recente é a implantação do Programa Saúde Amazonas Digital. Uma das ferramentas do programa é o Saúde AM Digital, em que trazemos a inovação tecnológica para dentro do sistema de regulação, o Sisreg. Trata-se de uma plataforma que usa inteligência artificial para melhorar a comunicação com o usuário e fazer com que ele compareça à consulta ou exame agendado e, se não puder, que possa reagendar ou cancelar. Dessa forma, abrimos, automaticamente, a vaga para quem vem atrás, fazendo o sistema rodar mais rápido. A SES-AM agenda por mês cerca de 600 mil consultas e exames e nós temos até 60% de absenteísmo, que é quando o usuário não comparece. Isso o Saúde AM Digital está corrigindo com a assistente virtual mandando mensagem e interagindo com os usuários por meio do WhatsApp. O número exclusivo para enviar e receber mensagem é o (92) 3190 1504.

Um aplicativo de mensagem é suficiente ou o governo também vai aumentar a oferta de consultas e exames? 

O aplicativo é uma das ferramentas do saúde AM digital , e, por isso, o programa também inclui o suporte da Telemedicina. Estamos ampliando esse serviço, para ofertar 13 especialidades . Na hora que o usuário lançar no Sisreg seu pedido de consulta ou exame, ele vai poder optar por fazer por Telemedicina ou presencial. Essa estratégia também vai ajudar muito quem mora no interior, ampliando a oferta mais próxima dele, sem precisar se deslocar até a capital. Vamos começar com Clínica Geral, Cardiologia, Dermatologia, Endocrinologia, Ginecologia, Neurologia, Neuropediatria, Nutrição Ortopedia, Pediatria, Psicologia, Psiquiatria e Urologia. 

E falando sobre o interior, houve mudança recente no financiamento da saúde nos municípios. Como vai funcionar?

As transformações que o governador Wilson Lima vem trabalhando também alcançam o interior . O Saúde Amazonas Interior de forma inédita, cofinancia a Média e Alta Complexidade e a assistência farmacêutica nos municípios. Em outras palavras, o Governo do Amazonas vai fazer o repasse fundo a fundo, como faz o Ministério da Saúde, para as prefeituras usarem da forma como precisarem em seus hospitais. Começamos com R$ 181 milhões ao ano, e esse é um recurso que pode aumentar, pois depende do faturamento do município no SUS. Quanto mais produzir, quanto mais atendimentos prestar, maior o repasse. Municípios polos também recebem mais.  É nossa contrapartida no processo de dar autonomia aos municípios, para que usem o recurso da forma mais adequada, porque eles sabem a necessidade na ponta. Assim, ao invés da Central de Medicamentos (Cema) abastecer a farmácia do hospital, o próprio município fará sua aquisição. Com isso, a política de cofinanciamento estadual traz uma nova dinâmica de gestão e autonomia para as prefeituras, levando em consideração a sazonalidade das regiões do Amazonas, e o empoderamento dos municípios. O cofinanciamento não exclui os investimentos indiretos que o Governo do Estado já faz nos hospitais. Vamos continuar ajudando a manter a folha de servidores, pagar serviços como água e luz, e fazendo os investimentos para melhorar a assistência.  A SES-AM também está em fase de implantação de novos serviços no interior, como Ortopedia em quatro cidades polos (Humaitá, Itacoatiara, Manacapuru e Tefé), expansão de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) para mais um pólo (Humaitá), Telemedicina em 13 especialidades e o Telelaudo. 

Como fazer o interior deixar de ser dependente da capital em Média e Alta Complexidade?

Fortalecendo com recursos diretos e dando cada vez mais autonomia, para que as prefeituras possam gerenciar seus hospitais e sair daquela condição de todo mês esperar a balsa com medicamentos da Cema. Somos o único estado que tem um hospital por município e isso é importante devido às nossas especificidades geográficas. Eles são unidades mistas e é neles que nascem os cidadãos do interior. O que estamos fazendo, agora, é garantir que cada vez mais essas unidades sejam fortalecidas, com mais autonomia para as prefeituras. Estamos viabilizando de forma célere e concreta a Regionalização da Saúde no interior, promovendo maior resolutividade nas nove Regiões de Saúde do Amazonas, a partir do fortalecimento e eficiência dos serviços oferecidos nos hospitais dos municípios referência e pactuação entre os municípios da mesma região para estabelecimento da relação de referência e contra referência, reduzindo o deslocamento e centralização na capital. No momento em que garantimos UTI e serviços de Ortopedia nos polos e a Telemedicina regulada ao alcance de todos os cidadãos do interior, para que façam consultas e seus exames lá mesmo, na sua cidade, com o médico especialista, estamos conferindo mais resolutividade e descentralizando os serviços da capital.  

Qual a diferença da Telemedicina que já existe hoje da que será implantada?

O Governo do Estado está implantando um serviço revolucionário de Telemedicina. Ele se diferencia por vários fatores. Primeiro, porque estará totalmente integrado ao sistema de regulação. A meta é ofertar, em média, 30 mil consultas por mês e a pessoa, quando lançar a solicitação no Sisreg, poderá optar pelo atendimento presencial. Vamos disponibilizar consultórios em locais com estrutura para o paciente fazer a sua consulta por Telemedicina também. Isso vai ajudar, principalmente na cidade onde a internet tem limitação. Mas em Manaus também terá pontos de atendimento em Telemedicina e as mesmas opções à disposição. A Telemedicina contribui para a redução das desigualdades regionais. O serviço que estamos implantando oferece um sistema integrado que inclui o médico, além do monitoramento contínuo de pacientes, capacitação de profissionais de saúde e apoio diagnóstico, tudo com garantia de segurança e eficiência. Trata-se de mais uma ação do Programa Saúde Amazonas Digital, que usa tecnologia para melhorar e ampliar o acesso aos serviços de saúde no Estado. 

Qual a sua avaliação sobre o modelo de gestão por Organização Social de Saúde (OSS) implantado no Pronto-Socorro 28 de Agosto e Instituto Dona Lindu?

A gestão por OSS é o mesmo modelo implantado há dez anos no Hospital Delphina Aziz, onde tem mostrado total êxito e sucesso. A unidade é referência na rede pública do Brasil, por sua eficiência e eficácia. É o padrão Delphina Aziz que o governador Wilson Lima quer expandir para a rede e que chegou, agora, ao 28 de Agosto e Dona Lindu, com a formação do Complexo Hospitalar Sul (CHS). Tudo está sendo executado com base científica, a partir de estudos da Fundação Getúlio Vargas. A OSS do CHS, a Agir, foi selecionada em chamamento público nacional, aberto a todas as entidades jurídicas de direito privado e sem fins lucrativos, constituídas com o objetivo de prestar serviço de apoio à sociedade, através da atuação na área da saúde. Trata-se de uma OSS que é referência nacional, com premiações em gestão e transparência, pelos hospitais que administra na área pública e que se destacam pelas melhores práticas na área assistencial e de infraestrutura. Os resultados no CHS já são observados, com a ampliação dos serviços para a população.

A gestão por OSS tem suscitado uma série de boatarias falando em privatização dos hospitais. O que a sra tem a dizer?

Não passam de fake news criadas por pessoas mal-intencionadas, irresponsáveis, que estão a serviço dos que não querem que o sistema avance e que não se importam em prejudicar o cidadão. Não existe privatização em hipótese alguma. As unidades com gestão por OSS continuam sendo públicas, de propriedade do Estado, com serviços gratuitos aos usuários do SUS. A diferença é que, agora, atuando com mais eficiência e eficácia, no atendimento à população. 

Que avanços a senhora poderia citar na saúde que mostram que está havendo uma transformação?

Temos muitos. Estamos avançando em transplante renais, com oferta ampliada no Delphina Aziz, evitando, assim, a remoção de pacientes pelo Tratamento Fora de Domicílio (TFD) e os custos com esse processo. Em 2024, fizemos 146 transplantes renais e essas pessoas fazem o acompanhamento no próprio hospital. Outro marco importante foi a redução de 49% dos casos de mortalidade materna, registrado no ano passado. Este foi o melhor resultado dos últimos dez anos, um reflexo dos investimentos feitos na rede de assistência materno-infantil, como a melhoria de infraestrutura nas maternidades, aumento na oferta de consultas de pré-natal e de alto risco nas policlínicas, treinamento de equipes e adoção de novos protocolos de atendimento. Houve também aumento das cirurgias. Dados do Ministério da Saúde apontam que, entre 2023 e 2024, cresceu de 7.736 para 15.659 o número de cirurgias gerais eletivas (hérnia, vesícula e outros procedimentos do aparelho digestivo), ginecológicas e oftalmológicas. Contabilizamos um aumento expressivo de 102%. Zeramos, também, a fila para a realização da mamografia, com o avanço de um outro serviço que são as carretas que levam os exames aos bairros e ao interior. Na Fundação Hospital do Coração Francisca Mendes  foram entregues equipamentos que incluem ressonância magnética cardíaca e aparelho de hemodinâmica, que vai ampliar em 50% procedimentos como cateterismo e angioplastia. Além disso, a modernização e ampliação em 23% da capacidade de produção do laboratório do Hospital Delphina Rinaldi Abdel Aziz. 

Como estão os serviços ofertados no Barco Hospital e nas Carretas de Saúde, no interior?

Estão superando nossas expectativas. Ambas as estruturas são importantes ferramentas para ampliação do acesso da população aos serviços de saúde. O barco possui uma estrutura hospitalar completa, com a oferta de consultas médicas, exames e cirurgias gerais de média complexidade e, desde a inauguração, em dezembro de 2024, já foram feitas três expedições, onde foram realizados mais de 7 mil atendimentos.  De forma pioneira, em 2024, as Carretas da Saúde levaram os atendimentos aos municípios do interior, alcançando Itacoatiara, Manacapuru, Novo Airão, Rio Preto da Eva, Iranduba, Presidente Figueiredo e Parintins, e este ano estamos continuando esse trabalho. Uma das unidades já esteve em Iranduba e, agora, está em atendimento em Manacapuru. Ao todo, desde o ano passado, mais de 10 mil exames de imagens foram feitos nos municípios. 

Em termos de ampliação da estrutura, o que avançou?

O governador Wilson Lima vai entregar, em março, o Centro Avançado de Prevenção do Câncer do Colo do Útero do Amazonas (Cepcolu), anexo à Fundação Cecon, para ser referência na prevenção à doença. Também em março, os Centros de Atenção Integral à Criança (CAIC), que estavam sendo reformados, começam a ser entregues. E aí tem mais uma inovação, que é fazer com que uma dessas unidades seja referência para Transtorno no Espectro Autista (TEA). Estamos reformando, revitalizando e ampliando as estruturas físicas de diversas unidades, em todas as zonas da capital. No Hospital e Pronto-Socorro Dr. João Lúcio, por exemplo, já foram concluídas as obras da Agência Transfusional, que teve sua capacidade de armazenagem triplicada e ganhou novos equipamentos. As cinco salas do centro cirúrgico estão passando por reforma, já quase concluída, além da revitalização do parque de imagens. O Centro de Saúde Mental do Amazonas (Cesmam) está sendo ampliado e no Hospital Francisca Mendes as obras vão permitir um aumento de 38% na capacidade instalada, saltando de 147 para 204 leitos, entre clínicos e de UTI. 

 PERFIL

Nayara Maksoud é formada em Enfermagem, pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), e mestre em Saúde Pública, pela Fundação Oswaldo Cruz – Instituto Leônidas e Maria Deane (Fiocruz/ILMD). Tem especializações em Processos Educacionais na Saúde (Instituto Sírio Libanês de Ensino e Pesquisa) e em Saúde Pública para Gestores do SUS no Amazonas (Fiocruz/ILMD). 

De 2003 a 2012, atuou como gestora de serviços de saúde em várias frentes de trabalho no interior do Estado, com a formulação de políticas de saúde local e direcionadas às populações indígenas e ribeirinhas. Também contribuiu com a organização de redes regionalizadas de saúde, de acordo com a singularidade e especificidades da região amazônica.

Entre 2019 e 2020, exerceu a chefia de Departamento da Secretaria Executiva de Assistência da Capital da SES-AM. E de 2020 a 2022, atuou como secretária Executiva Adjunta de Políticas de Saúde da SES-AM. Foi diretora-presidente da Fundação Hospital do Coração Francisca Mendes (2022/2023). De julho de 2023 a março de 2024, atuou como coordenadora de Regulação Estadual da Saúde do Amazonas. Em março de 2024 tomou posse como secretária de Estado de Saúde.

Fonte: Portal A Crítica

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